Movimento na Educação Infantil
Adriana Capezzuto Pepe, Voluntária do Instituto Movere
11 de agosto, 2009

brincadeirasO movimento é uma forma de expressão da criança. Uma linguagem que expressa emoção, sentimentos e pensamentos. O movimento do corpo é construído de acordo com as necessidades encontradas e manifestado de diferentes maneiras, dependendo do meio ambiente em que a criança está inserida e de sua interação social, que estimulam ou inibem determinadas expressões realizadas pelo movimento corporal.

Há muitas pessoas que consideram o movimento da criança como indisciplina, algo que os desconcentra e atrapalha na aprendizagem. Com esse pensamento, acabam inibindo o desenvolvimento da expressão corporal através do movimento, interferindo desde o começo da vida da criança, como por exemplo, um bebê que fica grande parte do tempo no berço. O mover-se auxilia na aprendizagem e na atenção.

Outra situação que ocorre é a de estabelecer exercícios sistematizados com orientações, o que permite o movimento da criança, porém inibe sua espontaneidade e iniciativa.

Para as crianças no período da educação infantil, as expressões faciais e mímicas são os principais modos de comunicação, mesmo que subjetivamente, elas precisam ser entendidas por seus pais (ou responsáveis e professores), e conforme elas crescem, descobrem novas capacidades de atuar objetivamente de maneira mais independente no meio. Por essa razão é de extrema importância o relacionamento social da criança no meio em que vive, é o que possibilita e dá condições ao seu desenvolvimento.

Há diferentes expressões entre as crianças, de acordo com seu grupo cultural, sendo que as situações vividas e as necessidades são diferentes entre os grupos. Sendo assim, em uma mesma atividade proposta, pode-se encontrar diferentes manifestações, sendo necessário respeitar e compreender a diversidade da motricidade infantil.

É muito importante realizar um trabalho contínuo que abrange múltiplas experiências corporais, através da dança, brincadeiras, jogos, etc; respeitando as diferentes faixas etárias e as diferentes culturas corporais, enriquecendo suas expressões, comunicações de idéias, sensações e sentimentos. A dança, por exemplo, está muito ligada ao desenvolvimento expressivo da criança, e quando não há regras e coreografias impostas, há maior liberdade de expressão.

O papel das instituições de educação infantil é tentar desenvolver os variáveis tipos de movimento e manifestações dessa linguagem (dança, jogo, esporte, brincadeira...) proporcionando à criança um ambiente confiável e seguro, porém desafiador, promovendo a amplificação de seus conhecimentos (sobre si, das interações com os outros e com o meio). Esse trabalho interfere diretamente no cotidiano dela, ajudando-a no desenvolvimento de sua motricidade e amplificação da cultura corporal.

Aqui entra o trabalho do professor, que vai influenciar signficamente no desenvolvimento motor da criança. E para que esse desenvolvimento seja adequado, o profissional de educação física deve conhecer as necessidades, as possibilidades e limitações do corpo da criança, proporcionando assim as condições de se expressarem com liberdade. Vale destacar também que as atividades, a organização do espaço e o material utilizado devem ser muito bem planejados e adequados para as diferentes faixas etárias.

O professor deve respeitar as diferentes culturas corporais, bem como a lateralidade de cada criança.

Para a avaliação do movimento, o profissional deve fazê-la de modo contínuo, levando em consideração a vivência de seus alunos. É importante o estímulo através de elogios (e nunca por comparações). E suas observações e documentações do progresso de cada criança é o que vai ajuda-lo na identificação de falhas e no planejamento de atividades de acordo com as necessidades de seus alunos.

Para que a criança se desenvolva e aprenda, ela precisa viver num meio que a estimule. Caso não tenha essa oportunidade, o processo de desenvolvimento poderá ser mais lento e até prejudicado.

Concluindo, é na educação infantil que a criança pode encontrar os meios que vão contribuir para o seu desenvolvimento integral, e cabe aos pais, responsáveis e professores dar-lhes as oportunidades.

Referência:
Referencial curricular nacional para a educação infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.; vol.03; p.15-40.