História, Benefícios e Modalidades da Hidroginástica
Marcela G. Beserra, Lucas M. Gimenez, Bruna A. Silva, Professores
22 de agosto, 2006

Introdução
Como não poderia deixar de ser, a hidroginástica hoje, ocupa lugar de destaque entre as atividades de academias e clubes, entre outros espaços especializados em atividade física, bem estar e qualidade de vida, o número de pessoas que buscam a hidroginástica a cada ano mundialmente gira em torno de 4 milhões (Sova, 1998). Não é de hoje que essa “ginástica dentro d’água" é praticada. Os gregos por volta do ano 406 a.C. (Heródoto) já realizavam atividades dentro d’água em suas casas de banho que eram conhecidas como “Termas" (Delgado, 2001). Essa ginástica na época muito mais simples do que a hidroginástica que temos conhecimento hoje envolvia basicamente movimentos de rotação, flexão, extensão e circundução de membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII). Alguns anos depois, tivemos ainda novamente os gregos fazendo uso das “águas quentes" para trabalhar a moral de seus soldados que já andavam impacientes com a paz que reinava na época.

Muitos anos lá para frente, a “hidroginástica" caminhando em direção ao ocidente sendo utilizada principalmente pelos alemães na 2ª Guerra Mundial na reabilitação de seus soldados, após sofrimento de traumas físicos decorrentes da mesma. Ainda na Alemanha, os médicos começaram a constatar os benefícios do tratamento e da redução de dores localizadas em idosos pela prática de atividades físicas dentro d’água. Outro fator que contribuiu foi a grande procura da hidroginástica, por pessoas da melhor idade (Bueno, 1998). A seguir, a Inglaterra e principalmente os Estados Unidos iniciou uma séria de estudos sobre a hidroginástica (Paulo, 1994), afim, de obter conhecimento sobre os possíveis benefícios da mesma.

No Brasil a hidroginástica só foi aparecer na década de 70, em um primeiro momento como tratamento de pessoas lesionadas e subseqüentemente em meados dos anos 80, finalmente como prática de atividade física recebendo várias nomenclaturas diferentes como: ginástica aquática, hidroearóbica, aquanástica, aquabengh, aquafitness entre outras (Bueno, 1998), estas também utilizadas como terapias multifatoriais.

Benefícios
Atualmente podemos constatar através de inúmeros estudos que a hidroginástica traz diversos benefícios para seus praticantes. Esses benefícios além de trazer uma melhora do estado de saúde geral e promover qualidade de vida, agregam:

• Tônus muscular - uma melhora considerável e mais rápida do tônus muscular pode ser atingida utilizando resistência da água; (Sova, 1998);
• Circulação sanguínea – á água ajuda a promover a circulação sanguínea devido ao empuxo e a pressão exercida sobre o praticante submerso na água; (Paulo, 1994);
• Resistência cardiovascular – Como todo exercício físico que envolve atividades aeróbicas, a hidroginástica possibilita melhora e ganhos em termos cardíacos;
• Flexibilidade das articulações – Dentro da água a gravidade exerce menos força sobre a musculatura e as articulações facilitando assim o trabalho no ganho de flexibilidade e amplitude dos movimentos (Sova, 1998);
• Consciência corporal – O exercício na água proporciona o desenvolvimento da capacidade de percepção de movimentos, pois o corpo está em contato direto com a água, que facilita essa sensação (Bonanhela, 1994);
• Equilíbrio – Melhora do equilíbrio devido ao trabalho muscular geral desenvolvido nas aulas de hidroginástica (Sova, 1998);
• Relaxamento – O meio aquático, a temperatura da água, a musicalidade são fatores que promovem, relaxamento muscular, articular e mental;
• Aspectos psicológicos – melhora a auto-estima, o bem estar mental, a satisfação pessoal, proporciona socialização e sociabilização, estimula auto-confiança, diminui a ansiedade, entre outras (Sova, 1998).

Quanto ao gasto calórico, a hidroginástica é capaz de trazer ao praticante um consumo de calorias elevado durante uma única sessão, esse que por sua vez é consideravelmente maior do que a mesma atividade realizada fora d’água (Vasiljev, 1997).

Outro ponto positivo da hidroginástica é a redução do impacto nas articulações, pois o corpo encontra-se 70 a 90% submerso, reduzindo assim a sobrecarga na coluna e nas articulações de membros inferiores, sendo inclusive indicado para pessoas com osteoporose.

Para o melhor aproveitamento, é recomendado a prática da hidroginástica, 3 vezes por semana, com sessões de 45 a 60 minutos.

Cuidados
Como todo exercício físico é imprescindível a autorização de um médico para o início da prática.

É recomendável se alimentar com 1 hora de antecedência para evitar problemas como enjôo ou glicemia baixa, durante ou pós-atividade. A ingestão de água antes, durante e depois, também é muito importante para evitar desidratação, sendo assim uma garrafa é bem-vinda na borda da piscina.

A piscina deve ser bem tratada, com água cristalina e sem excesso de cloro, para não causar irritações à pele, a temperatura recomendada para a prática, varia entre 27 a 29 °C (Bonachela, 1994 e Paulo, 1994).

Antes de sua primeira aula, é importante conhecer a piscina e seus materiais. Procure caminhar pela mesma, explorando e tomando conhecimento dos espaços, é importante sentir-se confortável e seguro para a prática da atividade. Uma equipe de professores bem preparada e treinada é essencial para uma boa aula. O mais importante é fazer atividade física, procure, informe-se, faça, exercite-se. O seu corpo, a sua mente e principalmente a sua saúde agradece.

Modalidades mais conhecidas

Hidro Localizada: Consiste na prática de exercícios de resistência muscular localizada dentro d’água. Grande parte dos exercícios utiliza materiais como: halteres, aquatubo, luvas, tornozeleiras, flutuadores, entre outros;

Hidro Core: Como o nome já diz é a hidro que trabalha os músculos do core, que envolvem o abdômen, o quadril e a lombar, utilizado principalmente para a correção da postura;

Hidro capoeira: Por mais estranho que possa parecer, ela existe e envolve muitos movimentos adventos da capoeira sendo executados dentro d’água, com velocidade reduzida devido a resistência oferecida pela água;

Hidro abdominal: Muito similar a hidro core com a diferencial de atuar como o próprio nome já diz na região abdominal do aluno;

Hidro spinning: Uma adaptação do spinning é executada dentro dá água e foi criada pela Aquática Exercise Association, consiste em movimentos de pedaladas para frente, trás, acelerado, devagar, alternado lento ou rápido, é recomendável para pessoas que procuram aumentar seu ganho cardiorespiratório e principalmente com problemas de circulação nas articulações dos membros inferiores. O ponto fraco desse método é exigir bicicletas especiais submersas, tornando a modalidade pouco acessível para a grande maioria dos espaços;

Hidro aeroboxe: Formada principalmente de exercícios para os membros superiores como socos, deslocamentos, esquivas entre outras;

Hidro kickbox: Consiste em exercícios que envolvem socos e chutes na água, com velocidade reduzida devido à resistência da água;

Hidro power: Muito parecida com a musculação, dentro d’água com o benefício da resistência da mesma dificultando a execução e massageando os músculos envolvidos na atividade ao mesmo tempo;

Hidro step: Atividade executada com o step (passo ou degrau) convencional que envolve movimentos de sobe e desce do mesmo;

Hidro esporte: Modalidade interessante que envolve movimentos específicos de determinados esportes;

Hidro circuito: Executado em estações espalhadas pela piscina, cada estação deve ter um exercício diferente para um grupamento muscular ainda não trabalhado naquela aula, os alunos andam em círculos passando por todas as estações, o professor deve determinar o número de voltas a serem executadas na aula;

Hidro recreativa: Diferente e com enfoque recreativo, essa pode ser utilizada para interação entre os alunos, é repleta de brincadeiras que envolvem trabalho em equipe e também competitividade;

Hidro avançada: Para alunos com nível avançado, envolve exercícios em séries lentas e rápidas, exige muito esforço cardíaco;

Deep Runing: Do inglês: Deep = profundo e Running = Correndo, utilizando um flutuador preso à cintura, o aluno deve “correr" no fundo da piscina, exercício eficaz para ganho cardiorespiratório principalmente.

Materiais mais utilizados

Aquatubo ou Espaguete – Geralmente fabricado de E.V.A. – Utilizado pra flutuação e exercícios de resistência muscular;

Aquapalm ou Palmar – Luva em formato pé de pato, utilizada para trabalho de resistência muscular;

Bastão de Poliuretano – Bastão com cerca de 1 metro de comprimento, utilizado para exercícios de membros inferiores, equilíbrio e alongamento;

Caneleira EVA - Utilizado para exercícios de resistência para membros inferiores, geralmente utilizado contra a força da água;

Caneleira – Existente em diferentes tamanhos e cargas de acordo com a necessidade em aula;

Flutuador – Tipo de colete que fica preso na cintura, serve de salva-vidas, utilizado para exercícios de membros inferiores e relaxamento;

Halter EVA – Utilizado para exercícios de resistência para membros superiores, geralmente utilizado contra a força da água, pois o mesmo flutua;

Halter Poliuretano – Parecido com o halter de Eva, com o diferencial de ter um espaço para preenchimento com diferentes materiais (água, areia, chumbinho) afim, de oferecer maior carga e resistência;

Mini-tramp – Cama elástica de pequeno porte, utilizada para exercício aeróbico e de resistência muscular;

Step – Mais utilizado para aula de step dentro da piscina.

*Os recursos utilizados na aula pelo professor, podem ser dos mais diversificados materiais, tamanhos, formatos e pesos, vai de acordo com a disponibilidade do espaço, bem como a necessidade e criatividade do professor.

Sugestões de Aula

Deep Running

Hidro Combinada

Hidro Combinada

Hidro Localizada

Bibliografia
Delgado C.A. e Delgado S.N. – A prática de hidroginástica; Rio de Janeiro, 2001, p. 81-144, Sprint.
Santos R. Cristianini S. – Hidro 100; Rio de Janeiro, 2000, Sprint.
Figueiredo S.A.S. - Hidroginástica; Rio de Janeiro, 1996, Sprint.
Alves M.S. - Motivos da prática de hidroginástica e seus efeitos sobre o bem-estar na percepção dos praticantes; Florianópolis, 1994, UFSC.
Bonachela V. - Manual Básico de hidroginástica; Rio de Janeiro, 1994, Sprint.
Sova R. - Hidroginástica na terceira idade; São Paulo, 1998, Manole.
Vasiljev, I.A. - Ginástica aquática; São Paulo, 1997, Ápice.



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