A importância da recreação, danças e brincadeiras tradicionais.
Camila Araujo de Lima, Prof(a) de Educação Física do Movere
23 de agosto, 2005

Identidade Cultural

As aulas de recreação, danças e brincadeiras tradicionais tem como base resgatar as brincadeiras antigas que já fizeram parte do universo infantil, e que agora estão sendo substituídas por jogos eletrônicos que não aprimoram a imaginação e nem enriquecem a cultura lúdica das crianças.

Segundo VITOR (2001) oferecer às pessoas uma oportunidade prazerosa de brincar com o próprio corpo, entendendo o corpo como meio e fim nas interações sócio - afetivas e no resgate das danças folclóricas, rodas e brinquedos populares cantados é uma experiência significativa. A reinserção das brincadeiras populares para FARIA JUNIOR (1996) tem um enfoque multicultural. O jogo é importante para o indivíduo dando a possibilidade de se expressar graças à prática lúdica. A brincadeira infantil possibilita com que a criança lide com a fantasia, com o medo, com a imaginação e com o faz-de-conta. Junto com o processo de formação da personalidade constrói a sua identidade.

Os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas esportivas revelam, por seu lado, a cultura corporal de cada grupo social, constituindo- se em atividades privilegiadas nas quais o movimento é aprendido e tem um significado.

CAMARGO (2002) afirma que o brincar, a diversão e o lúdico são traços de todas as sociedades conhecidas, em todas as épocas da História, e podem acontecer com qualquer momento do cotidiano dos indivíduos, estejam eles trabalhando ou estudando.

Outro fator preponderante nessas aulas é apresentar à essas crianças a imensa cultura popular brasileira e seu folclore, como suas lendas, contos tradicionais, músicas populares, artesanato, danças brasileiras, provérbios populares, anedotas e identificar as influências dos povos que nos colonizaram (negros, índios e portugueses). Além desses, povos que também influenciaram e influenciam na cultura brasileira: italianos, espanhóis, judeus, japoneses, coreanos, norte- americanos, franceses, etc.

Já trabalhei com crianças de diversas idades, e pude notar que seu universo cultural está ficando cada vez mais restrito no que diz respeito de cultura brasileira. Para que haja uma construção efetiva da cultura do cidadão, também considero importante conhecer profundamente o país em que se vive, como sua história, seus costumes, valores, culinária, artesanato e também influências de outras culturas.

Desenvolvimento Motor, Cognitivo e Sócio- Afetivo

De acordo com GALLAHUE e OZMUN (2001) as crianças passam por um período que é caracterizado por aumentos lentos, porém estáveis, na altura e no peso, e por um progresso em direção à maior organização dos sistemas sensorial e motor. Esse lento período de crescimento permite à criança acostumar-se ao seu corpo, fator importante na melhoria da coordenação e no controle motor durante a infância.

Se não tiverem oportunidade para prática, instrução e encorajamento, nesse período, muitos indivíduos não vão poder adquirir as informações motoras e perceptivas necessárias para desempenhar eficientemente atividades motoras.

A criança, cognitiva e fisicamente normal, progride de um estágio a outro, de maneira seqüencial, influenciada tanto pela maturação quanto pela experiência. Condições ambientais incluindo oportunidades para a prática, o encorajamento e instrução são cruciais para o desenvolvimento de padrões amadurecidos de movimentos fundamentais.

FREITAS e FREITAS (2002) consideram o movimento como um elemento essencial na aprendizagem, visto que é através dele que o ser humano explora o ambiente. Disso se poderá facilmente concluir que quanto mais experiências motoras tiver uma criança, melhor e mais sólido será o seu desenvolvimento. Sendo assim, uma manifestação que tal como a capoeira ofereça uma enorme variedade de experiências motoras (e no caso aliada a vivências rítmicas, criativas e expressivas) será auxiliar inequívoco de uma programação educativa desenvolvimentista. Da mesma forma SOUZA e OLIVEIRA (2001) afirmam que a prática da capoeira possibilita o desenvolvimento de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, como autonomia, cooperação e participação social, postura não preconceituosa, entendimento do cotidiano pelo exercício da cidadania, historicidade etc. No aspecto motor, especificamente, a capoeira deve ser reconhecida como uma alternativa rica para o desenvolvimento das estruturas da criança, como esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, orientação espaço-temporal, coordenação motora etc. Portanto, segundo GOMES et al. (2001), é de grande importância que a criança tenha o maior número de experiências e de formas diversificadas de movimento. A relação entre cada ser e o exterior se materializa com base em manifestações motoras.

GOMES et al. (2001), enfatiza que os jogos e brincadeiras têm um caráter de diversão e espontaneidade, sendo incentivado o brincar das crianças, tarefa essencial do educador. As brincadeiras estimulam a imaginação, geram um sentimento de felicidade e auto- estima.

A afetividade, a interação social e o processo cognitivo será considerados no decorrer das aulas. Uma das metas fundamentais expostas é promover a autonomia dos alunos e valorizar o universo da cultura lúdica.

Bibliografia:

CAMARGO LO. Os preconceitos existentes sobre o lúdico. In: Camargo LO. Educação para o lazer. 1ª ed. São Paulo. Editora Moderna; 2002. p.17-19.

VITOR EC. Recreação, jogo e brinquedo no processo sócio – educativo. In: II Seminário de estudos do lazer; 2001 Out 04-06. Paraná. Brasil. CESUMAR; 2001. p. 16

FARIA JUNIOR AG. A reinserção dos jogos populares nos programas escolares. Motrivivência do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro 1996.

GALLAHUE DL, OZMUN JC. Compreendendo o desenvolvimento motor_ bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo. Editora Phorte, 2001

FREITAS JL, FREITAS SR. Educação Física Escolar :A capoeira como alternativa presente. Revista Pró Saúde Veículo de Comunicação Científica [periódico on line]. 2002; 1 (1). Disponível em [2004 Fev 03].



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