A flexibilidade é definida de diversas maneiras por profissionais da educação física e medicina, para
alguns, ela pode ser definida como a amplitude de movimento disponível em uma articulação ou
grupo de articulações. Para Weineck (2003), flexibilidade é a capacidade e a característica de um
atleta de executar movimentos de grande amplitude.
A flexibilidade é um componente importante para a boa execução dos movimentos, do ponto de
vista qualitativo e quantitativo, que tendem a serem mais amplos, fortes, rápidos e
eficazes.
Segundo estudos, a idade ideal de treinamento da flexibilidade é de 11 a 14 anos. Para desenvolver
uma melhor flexibilidade, é preciso que se treine uma ou duas vezes ao dia. A flexibilidade é o único
requisito motor que atinge seu auge na infância, caindo em seguida, se não for devidamente
trabalhada.
A flexibilidade pode ser classificada em quatro tipos:
Flexibilidade geral: Quando se utiliza grande extensão dos
principais sistemas articulares.
Flexibilidade específica: Quando se refere às articulações
específicas.
Flexibilidade ativa: Maior amplitude de movimento conseguida
em uma articulação pela contração dos agonistas e relaxamento dos antagonistas.
Flexibilidade passiva: Maior amplitude de movimento
conseguida em uma articulação com o auxílio de forças externas, devido à capacidade e extensão e
relaxamento dos antagonistas.
Flexibilidade estática: É a manutenção de um estado de
alongamento por um determinado período de tempo.
Benefícios de um programa de treinamento de
flexibilidade
A qualidade e a quantidade de benefícios de um programa de treinamento de flexibilidade são
inúmeras, podendo ser determinadas por dois fatores. O primeiro fator corresponde aos objetivos
que o indivíduo quer alcançar. O segundo fator corresponde aos meios utilizados para atingir esses
objetivos.
Atualmente muito tem se falado em termos de flexibilidade, a seguir listaremos alguns dos
benefícios encontrados na literatura:
- União do corpo mente e espírito – Muitas disciplinas buscam a perfeição e a harmonia do corpo, e
a mais conhecida é a yoga.
- Relaxamento do estresse e da tensão – o exercício é utilizado como uma estratégia de redução e
prevenção do stress.
- Autodisciplina – A autodisciplina deve ser cultivada, porque o esforço sustentado visa atingir os
objetivos.
- Aptidão, postura e simetria corporais – Os alongamentos aumentam a agilidade, coordenação,
flexibilidade e força muscular, deixando seus praticantes com boa postura, aptos a atividades
diárias e com o corpo em forma.
- Alívio da dor lombar – Vários estudos comprovaram que a flexibilidade e o alongamento reduzem o
risco ou severidade da dor lombar.
- Alívio das cãibras musculares – A literatura afirma que o alongamento é eficaz na prevenção de
cãibras, bem como no aliviamento das dores em cãibras comuns e crônicas.
- Alívio de sofrimento muscular – O alongamento estático pode diminuir significativamente a
atividade elétrica no músculo para trazer alívio ao sofrimento muscular.
- Prevenção de lesão – O alongamento é utilizado para aumentar a flexibilidade e
conseqüentemente diminuir a incidência, a intensidade ou a duração da lesão musculotendinosa e
articular.
- Satisfação e prazer – Ao seguir um treinamento de flexibilidade, o indivíduo obtêm diversas
vantagens físicas e mentais.
Flexibilidade e Força
Para adquirir uma melhor flexibilidade, concomitantemente com o treinamento de força, é preciso
que se faça um grande número de exercícios de alongamento e relaxamento. Um aumento
excepcional de massa muscular, sem o devido equilíbrio, leva a limitações da flexibilidade.
Flexibilidade e Tônus Muscular
A qualidade de vida e a manutenção de um corpo saudável a longo prazo, estão diretamente
relacionados a uma boa condição física e essa por sua vez tem relação direta com os níveis de
potência máxima aeróbica, como também potência muscular de flexibilidade e tônus muscular, e
conseqüente manutenção de uma musculatura forte e flexível para manutenção do corpo saudável,
segundo BUCHNER et al (1997). Ainda falando sobre atividade física e flexibilidade, sabe-se que
indivíduos fisicamente ativos possuem uma melhor flexibilidade e um melhor tônus muscular do que
indivíduos menos ativos (POLLOCK & WILMORE, 1993).
As duas variáveis, flexibilidade e tônus muscular estão interligadas e são diretamente proporcionais,
uma vez que a amplitude de movimento depende de um bom tônus muscular e este último por sua
vez depende de uma maior amplitude de movimento para através de uma maior alavanca conseguir
realizar mais tensão e consequentemente mais força, sendo importante lembrar ainda que valores
extremos de flexibilidade aliados a movimentos repetitivos e de rotação podem promover uma
instabilidade articular e assim disfunções no sistema músculo-articular (POLLOCK & WILMORE,
1993).
Flexibilidade em função do sexo e da idade
A mulher tem uma capacidade maior em alongar a musculatura, os ligamentos e os tendões, e
mais elasticidade, devido ao alto nível de estrógeno, por isso a mulher apresenta uma maior
quantidade de tecido adiposo e menor massa muscular.
Flexibilidade e amplitude
Para alguns autores a flexibilidade e a amplitude de movimento são importantes para a manutenção
de uma postura adequada e manutenção de um corpo saudável, principalmente no que se diz
respeito aos idosos (PHILLIPS & HASKELL, 1995). Outro dado importante levantado por Hoeger
(1994), a elevada concentração de tecido adiposo em torno das articulações pode influenciar
negativamente a flexibilidade e a amplitude de movimento por aumentar o atrito entre as superfícies
articulares reduzindo assim a capacidade de amplitude articular. No que se diz respeito aos atletas,
em alguns esportes a flexibilidade e a amplitude são de vital importância para o sucesso, pois é
desejável uma boa flexibilidade e amplitude de movimento para realização do gesto esportivo com
precisão e força necessárias, evitando assim lesões e desgaste articular.
Métodos do treinamento de flexibilidade
1. Método Ativo de Alongamento
Os exercícios do método ativo de alongamento podem ser divididos em: exercícios ativos
dinâmicos e exercícios ativos estáticos.
Os exercícios dinâmicos obtêm o alongamento depois de repetidos movimentos elásticos. Os
exercícios ativos estáticos obtêm o alongamento com a contração isométrica dos antagonistas
quando os agonistas atingem o máximo do alongamento.
2. Método Passivo de Alongamento
Nesse método, ocorre a participação de uma força externa, que pode ser a ajuda de um parceiro,
por exemplo, para aumentar o alongamento de determinados músculos sem que haja o
fortalecimento do seu antagonista.
Os exercícios do método passivo, também são divididos em: exercícios dinâmicos e exercícios
estáticos. Nos exercícios dinâmicos há uma variação de ritmo e aumento e redução da amplitude
de movimento. Nos exercícios estáticos, a posição de alongamento é mantida por 5 ou 6
segundos.
Periodização – treinamento de flexibilidade em longo
prazo
A flexibilidade atinge o seu auge na infância e depois começa a piorar, se não for trabalhada
corretamente. O treinamento de flexibilidade deve começar desde cedo e continuar até a vida
adulta, para que não ocorram perdas significativas. É importante que se faça à manutenção da
flexibilidade, principalmente em atletas, devido ao encurtamento ocasionado por práticas esportivas,
o objetivo é prolongar a alta flexibilidade infantil através de exercícios gerais e específicos para uma
modalidade esportiva, a fim de contrapor o processo de enrijecimento de tendões, ligamentos e
cápsulas articulares.
O treinamento de flexibilidade deve ser executado após um bom aquecimento e com exercícios
pluridimensionais.
Nos exercícios de alongamento, o limite máximo deve ser atingido várias vezes e aumentado
gradativamente.
Normalmente após 6 semanas de treinamento de alongamento, os atletas atingem a flexibilidade
ideal após uma pausa.
Treinamento de flexibilidade na infância e na
juventude
O treinamento de flexibilidade visa diminuir a ação do encurtamento e o enfraquecimento de
determinados grupos musculares, que aparecem já na infância, com o treinamento básico. Este
treinamento deve ser executado de forma compensatória, fortalecendo os músculos enfraquecidos
e como um treinamento da musculatura suscetível a encurtamento.
Deve ser evitado o alongamento passivo (duplas), pois as crianças não estão preparadas para esse
tipo de alongamento, muitas vezes lesionando-se por causa de brincadeiras, como forçar demais o
alongamento.
1. Treinamento de Flexibilidade na Idade Pré-Escolar
Nessa faixa etária, o treinamento de flexibilidade não deve ser forçado, pois a criança naturalmente
apresenta uma alta flexibilidade e os sistemas ósseo e articular ainda não estão totalmente
formados. A flexibilidade é dada como um componente do desempenho físico em um treinamento
mais amplo.
2. Treinamento de Flexibilidade na Primeira Idade Escolar
Nessa faixa etária, o desenvolvimento da flexibilidade não é total, há um aumento da capacidade de
flexão do quadril, dos ombros e da coluna; e uma redução da capacidade de extensão da
articulação pélvica e da articulação dos ombros, que pode ser amenizada com exercícios de
alongamento.
A flexibilidade deve ser incluída nos treinamentos de modalidades esportivas que requerem grande
velocidade, como ginástica olímpica e saltos ornamentais. O treinamento de flexibilidade geral inclui
exercícios lúdicos e pequenos jogos.
3. Treinamento de Flexibilidade na Idade Escolar Tardia
A flexibilidade deve ser treinada até o fim da idade escolar tardia, pois após esta faixa etária, só é
possível realizar treinamentos de manutenção, não há aumento. Nessa idade, muitas pessoas
iniciam treinamentos específicos para modalidades esportivas e o treinamento de flexibilidade deve
ser intenso e com exercícios específicos.
4. Treinamento de Flexibilidade na Pubescência
A flexibilidade fica comprometida nessa faixa etária, por causa do intenso crescimento após o fim
da idade escolar tardia e pelas alterações hormonais.
O treinamento de flexibilidade é fundamental, porém deve-se ter o cuidado para não sobrecarregar o
aparelho motor passivo, principalmente a coluna vertebral e as articulações pélvicas, que são mais
suscetíveis a lesões.
5. Treinamento de Flexibilidade na Adolescência
Após a pubescência, em que há um crescimento longitudinal, o crescimento na adolescência visa
corrigir e harmonizar essas proporções. A transição da adolescência para a fase adulta é rápida
nas mulheres, o mesmo não ocorrendo com os homens, que se desenvolvem mais lentamente e
gradativamente.
O treinamento de flexibilidade pode ser semelhante ao adotado para adultos, inclusive com
exercícios de alongamento passivo. A modalidade esportiva deve ser levada em consideração, pois
os treinamentos de flexibilidade visam às necessidades de cada atleta.
Conclusão
A flexibilidade é parte integrante do treinamento e deve ser associada ao treinamento específico da
modalidade esportiva e não como fim.
Os exercícios de alongamento são considerados excelentes como forma de melhorar a
flexibilidade, devendo ser realizados no início dos treinamentos, como aquecimento ou como
profilaxia de lesões.
Os exercícios de alongamento também são de suma importância na regeneração do tônus
muscular e aceleração da recuperação após competições.
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