O sedentarismo e o excesso na alimentação colaboraram para o aumento global
da prevalência da obesidade, entretanto há muitas evidências de que a genética
contribui substancialmente para a regulação do peso corporal.
A descoberta da leptina em 1994, pelo grupo do Dr. Friedman da Universidade
Columbia de Nova York, representou um marco no conhecimento molecular do controle
da gordura corporal em mamíferos. Este hormônio, produzido principalmente pelos
adipócitos (células de gordura), informa ao hipotálamo (no cérebro) o tamanho das
reservas de gordura, sendo que sua elevação leva à redução da ingestão alimentar e
ao aumento do gasto energético.
Existem outros aspectos que podem influenciar de maneira fisiológica as concentrações
na leptina: idade, sexo, ingestão calórica e o índice de massa corporal (IMC). Em
algumas situações como perda de peso, jejum, baixas temperaturas, fumo, alterações nos
hormônios de crescimento (GH) e tireoidianos, os níveis de leptina apresentam diminuição.
Por outro lado, o ganho de peso, superalimentação, e infecções agudas dentre outras
situações, a leptina pode apresentar níveis aumentados.
Muitos estudos que estudam os efeitos da atividade física nos níveis plasmáticos de
leptina apresentam resultados conflitantes. Pouco se sabe sobre sua influência.
Os níveis do plasma de leptina são certamente co-relacionados com o total de gordura
corporal em crianças, mas a relação entre concentrações de leptina, dieta e exercício
também permanece incerta.
Estudos que avaliaram os níveis de leptina com exercício moderado e máximo em adultos
também não acharam diferenças na leptina plasmática comparada com a linha de base.
Em contrapartida outros estudos apresentaram resultados positivos nos níveis de leptina
e exercício físico. Alguns autores encontraram uma redução de 30% na leptina, 48 horas
depois do exercício e 34% de diminuição da leptina sérica 44 horas depois de um período
de 02 horas de exercício realizado a 75% do VO2 máx.
Outro achado importante é que o treinamento físico diminuiu a concentração sérica
independente de alteração na massa gordurosa, principalmente em mulheres.
Desse modo, independente da variação do percentual hereditário, o fato é que os aspectos
genéticos interferem na regulação da homeostasia corporal e aliados a fatores ambientais
podem contribuir para o aumento da obesidade.
A descoberta da leptina como um hormônio regulador do peso corporal possibilita encontrar
soluções e favorecer as pessoas que tem dificuldade em perda de peso, já que ela leva
informações sobre a quantidade de energia armazenada em forma de gordura para o cérebro
(sinalizando a saciedade) e também determina mudanças no comportamento alimentar e gasto energético.
Acredita-se que desvendando o mecanismo leptina-receptor e das transformações intracelulares
responsáveis pela reprodução do efeito desejado no sistema fisiológico, seguramente se
poderá dispor de armas eficazes para o tratamento da obesidade.