Efeito do exercício nos níveis de leptina.
Vera Lucia Perino Barbosa, Coordenadora do Movere
14 de março, 2005

O sedentarismo e o excesso na alimentação colaboraram para o aumento global da prevalência da obesidade, entretanto há muitas evidências de que a genética contribui substancialmente para a regulação do peso corporal.

A descoberta da leptina em 1994, pelo grupo do Dr. Friedman da Universidade Columbia de Nova York, representou um marco no conhecimento molecular do controle da gordura corporal em mamíferos. Este hormônio, produzido principalmente pelos adipócitos (células de gordura), informa ao hipotálamo (no cérebro) o tamanho das reservas de gordura, sendo que sua elevação leva à redução da ingestão alimentar e ao aumento do gasto energético.

Existem outros aspectos que podem influenciar de maneira fisiológica as concentrações na leptina: idade, sexo, ingestão calórica e o índice de massa corporal (IMC). Em algumas situações como perda de peso, jejum, baixas temperaturas, fumo, alterações nos hormônios de crescimento (GH) e tireoidianos, os níveis de leptina apresentam diminuição. Por outro lado, o ganho de peso, superalimentação, e infecções agudas dentre outras situações, a leptina pode apresentar níveis aumentados.

Muitos estudos que estudam os efeitos da atividade física nos níveis plasmáticos de leptina apresentam resultados conflitantes. Pouco se sabe sobre sua influência.

Os níveis do plasma de leptina são certamente co-relacionados com o total de gordura corporal em crianças, mas a relação entre concentrações de leptina, dieta e exercício também permanece incerta.

Estudos que avaliaram os níveis de leptina com exercício moderado e máximo em adultos também não acharam diferenças na leptina plasmática comparada com a linha de base.

Em contrapartida outros estudos apresentaram resultados positivos nos níveis de leptina e exercício físico. Alguns autores encontraram uma redução de 30% na leptina, 48 horas depois do exercício e 34% de diminuição da leptina sérica 44 horas depois de um período de 02 horas de exercício realizado a 75% do VO2 máx.

Outro achado importante é que o treinamento físico diminuiu a concentração sérica independente de alteração na massa gordurosa, principalmente em mulheres.

Desse modo, independente da variação do percentual hereditário, o fato é que os aspectos genéticos interferem na regulação da homeostasia corporal e aliados a fatores ambientais podem contribuir para o aumento da obesidade.

A descoberta da leptina como um hormônio regulador do peso corporal possibilita encontrar soluções e favorecer as pessoas que tem dificuldade em perda de peso, já que ela leva informações sobre a quantidade de energia armazenada em forma de gordura para o cérebro (sinalizando a saciedade) e também determina mudanças no comportamento alimentar e gasto energético.

Acredita-se que desvendando o mecanismo leptina-receptor e das transformações intracelulares responsáveis pela reprodução do efeito desejado no sistema fisiológico, seguramente se poderá dispor de armas eficazes para o tratamento da obesidade.



Artigos relacionados:
Movimento na Educação Infantil (11 de agosto, 2009)
Parto normal ou cesárea? (6 de abril, 2009)
Natação na infância: Saúde ao longo da vida (19 de fevereiro, 2009)
Treinamento de Força para Crianças e Adolescentes (13 de outubro, 2008)